Procurar
quarta-feira, junho 20, 2007
segunda-feira, junho 18, 2007
segunda-feira, junho 11, 2007
Balancé
Quero e não quero
Sinto
Não quero sentir
Da raiva este brincar
Este balançar de corda
Baloiço de criança
Que não sabe o que quer
Ora puxas
Ora largas
Ora ficas
Ora vais
Enjoa este vai e vem
Este fica que não foge
Este volta que não toca
Balança, balancé
Corda vai, corda vem
Sou abrigo
Sou princesa
Sou boneca
Sou o que sonhas
E idealizas sonhando
Sou tudo que precisas que seja
E nada daquilo que guardas
Balança, balancé
Corda vai, corda vem
Queres
Não queres
Sentes,
Não sentes
Ouves sem escutar
Confias desconfiando
Balança, balancé
Corda vai e já não volta
Acorda a boneca de trapos
Desfia a alma no tear do desapontamento
E vai balançando
Vai indo
E não voltando
Ama a criança
Ama o baloiço
Não é mais brinquedo
Nem fantasia de balançar!
Ana Castro
sábado, maio 26, 2007
Mascara
Na tua frente
Dura
Espessa
Viscosa
Maldita!
Em volta em ti,
Por toda a parte
Mascara maldita,
Essa que te cobre
E te faz imitar quem és!
sexta-feira, abril 06, 2007
olhos de mae
Bate suavemente a porta
Respira fundo
Naquele íntimo mais ausente
Olha no espelho
O da infância
O mais desgastado
Do tempo irritante
Que bate em cada tic
Suavizando cada tac
(mesmo assim, irritante!)
Olhos de mãe procuram alguém
São doces
São ternos
Serenos também
Abraçam sorrindo
Um reflexo que chora
Que busca certeza
Que perde certeza
Sabe a meiguice
Este olhar que não conheço
Sabe a doce
E não sei bem a que mais
Alguém clama um fim
Alguém pede para acabar
Mas olhos de mãe respiram
Transpirando um sentimento longínquo
Que beija
Que abraça
Que mima
Alguém fica sem saber
Se quer acabar
Se quer continuar
E olhos de mãe abraçam
E sussurram bem baixinho
Melodias de embalar
Contos de fada
De final feliz
Adormece a princesa
Alguém sem certeza
(e sonha com os olhos,
Aqueles olhos de mãe)
domingo, março 18, 2007
É hora
O menino dormita no berço
É quase noite
Apaguem!
Céu azul poente
Limpidez profundamente entorpecente
Doce morno
De um sol já dormente
Num verso rimado desnecessariamente
Ping, ping
Está perto!
Chove tristeza
(alegre talvez)
De um céu de feitiço sem nuvens
Apaguem as velas deste bolo!
Sentar
Colher meiguice
De letras saltitantes,
Escondidas nos vértices
Deste livro sem esquinas,
Sentimentos entre páginas,
Intermináveis!
De uma história de embalar
Agita-se a criança
Qual berço de nuvens?
Qual cuidado?
Qual carinho?
Ping, ping, ping
Chora uma rosa
Corre uma alma sem sexo
Sob céu límpido
São lágrimas!
Afinal o céu é salgado
(e eu que pensava que ele sabia a mel
De fim de tarde)
Apaguem as velas desse bolo!
Já escurece
Não tarda acorda o menino
Desfazem-se os tratos
Perde-se o jogo de mais uma vida!
Soa o violino
Embala a princesa
Agita o menino
Pendura a melodia na lua crescente
Cresce a noite
Intenso o mistério
Morre a luz
Adormece a brisa
Grita no céu uma estrela cadente
Beija a alma
(sem sexo ainda)
Esboça um sorriso
Pára a chuva
Apagam-se as velas
Chora o menino
ACORDA!
É hora…
Filipa Castro
sábado, junho 03, 2006
Hoje foste rei... (obrigado Filipa)
Hoje foste rei!
Sorriste,
Brincaste,
Dobraste o riso,
Deixaste os olhos brilhar,
Triplicaste o riso,
Dançaste com um louco,
Multiplicaste o teu riso,
Pelo das crianças…
E simplesmente te tornaste rei!
E foi tão confortante…
Pelas crianças,
Pelo gozo,
Por ti!
Mas…
Depois da cortina fechar….
Perdeste o riso,
Deixaste-o rebolar pelas escadas!
Os teus olhos voltaram à distância,
Ao baço,
Ao triste,
Ao longe…
Longee
Longeee
Longeeee
Longe de mais!
Ficou-te na memória,
A felicidade dos meninos
Que te apontavam e sorriam
Ficou-te na memória (talvez)
O rosto de nós,
Felizes por te ver feliz!
Ficou-te na memória,
Mais um momento
Em que (desculpa)
Fingiste ser feliz!
Agora,
És rei de ti mesmo!
Dos teus sonhos,
Da tua maldita tristeza,
Da tua maldita distância!
Dos teus malditos problemas
Que me apetecia roubar
Enfiar num baú
Dar-te a mão
E levar-te comigo
Para o atirarmos juntos ao mar
Onde tu tanto gostas de estar!
Por momentos
Quis dizer-te que estava ali
Quis abraçar-te (coisa que nunca fiz,
Salvo na falsidade de um palco, irónico)
Quis esticar-te o sorriso,
Prende-lo com cola
Pegar no brilho de todas aquelas luzes
E reflecti-lo nos teus olhos
Quis pegar num terço
(só um terço)
Da felicidade que deste àquelas crianças
E mete-lo à força nesse teu peito
Que proteges numa armadura tão de aço!
Mas que sou eu?
Gente do povo,
Que de nobreza,
Nada tem!
Apenas nome…
Tu?
És rei sem nome…
Contudo rei,
Do quê?
Não sei!!!
Filipa