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terça-feira, novembro 14, 2006

"Diário de um adolescente, que não era surdo-mudo, mas que vivia num mundo onde todos o eram."

Dia: um de muitos…
Hora: já era tarde…
Local: no meio da confusão…

“Um dia passei por ti e sorri.
Parei no meio da rua,
Olhei novamente para trás,
E sorri!”

Sorri, como nunca antes tinha sorrido. Abracei aquele momento, com toda a força que tinha!.. Sabia que não podia sair dali sem ter a certeza de que aquele sorriso não fora em vão… Timidamente, aproximei-me dela e, mais uma vez, sorri! Por cada palavra que tentava dizer, saia um sorriso. Ela olhava-me, com os seus lindos olhos azuis, esbugalhados, e simplesmente se ria!.. Parecia que tudo se resumira a isso: rir e sorrir.

Eu bem tentava desviar o meu olhar do dela, procurando não me rir, procurando ter força para suster todos os músculos que, descontroladamente, se iam apoderando de mim e me iam articulado aquele enorme sorriso. Parecia um comboio desgovernado…

Ela parecia estar a gostar daquele momento hilariante e, tão naturalmente, como só ela parecia saber fazer, movia o seu olhar, de um lado para o outro, enquanto levantava o lábio superior, do lado esquerdo, parecendo procurar algo, ficando com um ar de breve meditação, sempre com aquele sorriso no rosto! Era impossível resistir a tudo aquilo e não me rir!..

Soltei mais uma gargalhada. Ela ia mexendo os seus maxilares, para cima e para baixo, enquanto gesticulava com as mãos… Notei um enorme esforço, sabia que me queria falar…


Enquanto se ia passando tudo isto, chegou o meu autocarro, pelo qual já esperava há uns largos minutos… Tive que me despedir dela… Adivinha lá como?.. Com um enorme sorriso!..

Diogo.