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domingo, março 18, 2007

É hora


Apaguem as velas deste bolo

O menino dormita no berço

É quase noite

Apaguem!


Céu azul poente

Limpidez profundamente entorpecente

Doce morno

De um sol já dormente

Num verso rimado desnecessariamente

Ping, ping

Está perto!

Chove tristeza

(alegre talvez)

De um céu de feitiço sem nuvens

Apaguem as velas deste bolo!

Sentar

Colher meiguice

De letras saltitantes,

Escondidas nos vértices

Deste livro sem esquinas,

Sentimentos entre páginas,

Intermináveis!

De uma história de embalar

Agita-se a criança

Qual berço de nuvens?

Qual cuidado?

Qual carinho?

Ping, ping, ping

Chora uma rosa

Corre uma alma sem sexo

Sob céu límpido

São lágrimas!

Afinal o céu é salgado

(e eu que pensava que ele sabia a mel

De fim de tarde)

Apaguem as velas desse bolo!


Já escurece

Não tarda acorda o menino

Desfazem-se os tratos

Perde-se o jogo de mais uma vida!

Soa o violino

Embala a princesa

Agita o menino

Pendura a melodia na lua crescente

Cresce a noite

Intenso o mistério

Morre a luz

Adormece a brisa

Grita no céu uma estrela cadente

Beija a alma

(sem sexo ainda)

Esboça um sorriso

Pára a chuva

Apagam-se as velas

Chora o menino

ACORDA!

É hora…

Filipa Castro

domingo, março 11, 2007

A Carta (parte IV).

(…) A Carta (parte III).


"Há dias dei comigo sentado numa praia vazia, aqui perto, com os ombros encolhidos e o olhar cravado na linha do horizonte, com as lágrimas a percorrerem o meu rosto e os pensamentos a vaguearem por entre a solidão daquele final de tarde. A paisagem reflectia o meu estado de espírito: melancólico e triste. O sol escondia-se por trás do mar e as suas cores misturavam-se com a água e o céu, num enredo de vermelhos, laranjas, azuis, cinzentos, amarelos, preto e branco… A areia da praia estava fria e coberta pelo manto preto da sombra da falésia, que me rodeava. O ar sentia-se frio e seco e o silêncio era assustador. Pareceu-me que aquela tarde tinha sido desenhada exactamente para aquele momento. Não disse uma única palavra durante o tempo que ali estive, mas gravei cada palavra, cada sentimento, cada imagem…cada recordação…para hoje poder ser capaz de te escrever e descrever tudo o que se passou. Revivi aquele fatídico dia. Desde o momento em que acordei ao teu lado, até ao final daquela tarde… (…)"

Nuno Rocha

sábado, março 10, 2007

Viagem ao passado...

Detalhes relevantes e desvarios de uma Vida.. que nos persegue:


Sorria.

Sonhava voar.

Voei.

Amei.





Deste-me tudo o que eu precisei.

Foste o meu porto de abrigo.

Deste-me a mão quente no fim do Verão.

Deste-me o sorriso sincero nos finais de tarde.

Deste-me o teu corpo detalhado e fascinante até ao fim da noite.

Perdi-me contigo…

Amei-te!



Foste o meu primeiro amor de Verão.

Foste a minha paixão incontrolável.

As lágrimas da saudade, os sorrisos verdadeiros…

Eram teus.

Fui teu!..



Voaste até mim em cada acordar.

Deitaste-te ao meu lado e abraçaste-me em todas as noites.

Senti a tua mão, tão apertada na minha, em todas as caminhadas, ao longo do dia.

Fomos apenas um ser.

Amámo-nos!..


Hoje viajei até ti.

Fiz uma viagem ao passado…

domingo, março 04, 2007

Simples...

Não sei onde estás.
Sinto-me perdido
Sozinho e triste.
Simples.
Sinto-me simples…

Quero ser tanto mais do que isto
Ser capaz de gritar tão alto
Até que não possas ouvir mais nada,
Até perceberes que nos sinto longe…
Demasiado longe…

Partimos numa viagem com destino.
Um destino absurdo e revoltante.
Agora somos as costas um do outro.
Simples.
Simplesmente somos só isto…

O Silêncio assusta-me.
Sinto-me assustado.
Os gritos de desespero perdem-se
Por entre a vastidão do espaço.
Simplesmente nos perdemos…

Um com o outro fomos Um.
Senti-te.
Sentiste-me.
Sinto-te.
Fomos Um…

Simples…