A Carta (parte IV).
"Há dias dei comigo sentado numa praia vazia, aqui perto, com os ombros encolhidos e o olhar cravado na linha do horizonte, com as lágrimas a percorrerem o meu rosto e os pensamentos a vaguearem por entre a solidão daquele final de tarde. A paisagem reflectia o meu estado de espírito: melancólico e triste. O sol escondia-se por trás do mar e as suas cores misturavam-se com a água e o céu, num enredo de vermelhos, laranjas, azuis, cinzentos, amarelos, preto e branco… A areia da praia estava fria e coberta pelo manto preto da sombra da falésia, que me rodeava. O ar sentia-se frio e seco e o silêncio era assustador. Pareceu-me que aquela tarde tinha sido desenhada exactamente para aquele momento. Não disse uma única palavra durante o tempo que ali estive, mas gravei cada palavra, cada sentimento, cada imagem…cada recordação…para hoje poder ser capaz de te escrever e descrever tudo o que se passou. Revivi aquele fatídico dia. Desde o momento em que acordei ao teu lado, até ao final daquela tarde… (…)"
Nuno Rocha
1 comentário:
Fiquei sem fôlego...
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