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domingo, março 04, 2007

Simples...

Não sei onde estás.
Sinto-me perdido
Sozinho e triste.
Simples.
Sinto-me simples…

Quero ser tanto mais do que isto
Ser capaz de gritar tão alto
Até que não possas ouvir mais nada,
Até perceberes que nos sinto longe…
Demasiado longe…

Partimos numa viagem com destino.
Um destino absurdo e revoltante.
Agora somos as costas um do outro.
Simples.
Simplesmente somos só isto…

O Silêncio assusta-me.
Sinto-me assustado.
Os gritos de desespero perdem-se
Por entre a vastidão do espaço.
Simplesmente nos perdemos…

Um com o outro fomos Um.
Senti-te.
Sentiste-me.
Sinto-te.
Fomos Um…

Simples…

2 comentários:

Anaphy disse...

Nao podemos simplesmente, nessa simplicidade pura de sentimentos, voltar-nos um para o outro novamente?
beijo

Anónimo disse...

"Ser simples é muito mais do que não ser complicado. É ser capaz de estar na vida pelos outros e para os outros, sem se perder no essencial"

Engraçado como esta frase "ficou". Surgiu quase como a ideia perfeita para mim... Sinto que a palavra "simples" é uma palavras tão "minha"...! - quantas vezes terei escrito sobre o desejo de atingir uma simplicidade plena e serena? O desejo de "ser não ser, ser simplesmente"? Agora sei que me esqueci de uma parte fundamental nesses textos, e talvez por isso, só agora, a simplicidade comece a fazer mais sentido, vai parecendo mais próxima, ganhando formas de "eu". Esqueci-me da "essência"!

Que é como quem diz: As palavras são essenciais, mas os gritos não.
Gostava de ser capaz de me limitar às palavras. De, em vez de gritar, sussurrar. Até que a outra pessoa não pudesse ouvir mais nada. Um sussuro que cantasse toda a essência da minha simplicidade, que o outro pudesse perceber, despertando-lhe o desejo de se perder nas minhas palavras, despido de tudo, simplesmente nu... E não ouvir mais nada além daquele sussurro, que a outros passaria despercebido. Inaudível.

Talvez, no dia em que formos capazes de o fazer: conversar de uma forma simples, só de "nós os dois", o silêncio deixe de parecer imenso, assustador, deixe de ser o sítio dos gritos desesperados que se perdem na vastidão do espaço, e passe a fazer parte de nós, simplesmente. Do outro.

Nesse dia, talvez, vamos estar tão próximos do outro, que vamos senti-lo mesmo sem querer. Já reparaste que quando gritamos não o fazemos para que o outro nos consiga ouvir, mas exactamente porque não nos ouvimos mutuamente? Porque quando nos escutamos, bastam os sussurros, e quando nos amamos, basta o silêncio de uma entrega perfeita... A simplicidade de um momento. Bonito, não é?

Beijinhos
Beatriz

Está um poema lindissímo!!! Diz imensa coisa de uma forma simples, essencial (que é como quem diz: inteligente, poética, intensa... Ninguém disse que a simplicidade não engloba todas estas coisas).
Parabéns!

"Devemos caminhar para a simplicidade e de, nessa simplicidade, tentar entender com os outros aquilo que não somos capazes de entender sozinhos"
Irmão Roger